“Questões para a história do presente” é uma compilação de textos que analisa os vários aspectos sobre a produção da história imediata e da separação entre história e presente. Sob coordenação de A. Chauveau e Ph. Tétard, a obra conta com análises de historiadores renomados , entre eles Jean-Pierre Rioux e René Rémond, que analisam respectivamente a possibilidade de se fazer uma história do presente e o retorno do político na história contemporânea.
Jean-Pierre Rioux começa descrevendo a questão da História Presente na França, onde a mesma se estabeleceu no final da década de 70 com a criação do Institu D’ Histoire Du Temps Present e tinha como missão praticamente conduzir pesquisas sobre o movimento.
Segundo Jean Pierre, cria-se a duvida sobre o estudo da História Presente, pois o presente pode ser visto como uma coisa fulgaz. Também segundo o mesmo, o autor Fernand Braudel em suas obras, utiliza-se de um “parecer” para a construção da verdadeira modulação humana. Outra questão existente também é a da Historia e da proximidade , sendo estas uma forte objeção do autor.
O texto vai dizer que o historiador encontra-se imerso em seu tempo, mas muitas vezes é pego mergulhando no meio destas confusões de acontecimentos sem nenhum tipo de hierarquia, tampouco causas aparentes e então, se vê obrigado a “digerir” a sopa do noticiário da TV, onde simplesmente são jogados os fatos sem nenhuma explicação lógica. A ação da mídia também acaba conduzindo a sociedade a um passado recente. Porem devido a isto, o historiador conta com a ajuda de vários autores da História que, assim como ele, esta em busca da sua identidade, que por sua vez, dão sua “contribuição”, para que sua experiência e idéia perpetuem.
Rioux também nos fala sobre o recuo do tempo, pois o mesmo era de caráter fundamental durante o século XIX, para assim garantir um tom cientifico à História. O historiador era obrigado a trabalhar com apenas com catálogos e arquivos, porem hoje o próprio historiador pode criar este recuo. Hoje temos uma grande influencia das fontes orais, que até então eram os principais recursos dos historiadores “iniciantes”, jornalistas, sociólogos entre outros que se atreviam a escrever uma produção. Porem Agora estes instrumentos se tornam importantíssimos para a produção de uma História recente, história esta que recusa esta efemeridade atual, a fim de dar um sentido mais amplo a estes atores.
Jean deixa bem claro esta sua recusa ao dizer que “pode ajudar as gerações que crescem a combater a atemporalidade contemporânea, a medir o pleno efeito destas fontes originais, sonoras e em imagem, que as mídias fabricam...” (Rioux, 1999 p.46)
Rioux não deixa extamentente claro sobre sua posição do estudo da História Presente, mas nos dá bastantes argumentos para uma reflexão sobre este assunto.
Passando para o ensaio de René Rémond, “O Retorno do Político”, o autor faz uma analise sobre a volta do estudo da História política. Porem o mesmo deixa claro que não é a História Política Positivista do século XIX, história esta sufocada pelos Analles, mas sim uma História mais renovada, contemporânea.
René vai nos alertar sobre o fato de que a História Política não deve ser reduzida ao acontecimento em si, pois o fato mesmo que não seja político é de grande importância para História. Desta maneira o historiador estará sempre atento aos fatos, ambigüidades e suas casualidades, coisa que o” historiador clássico” não conseguiria perceber.
O autor vai atribuir duas razões para a volta da História Política, que são: a compreensão do que é real e muito mais variado do que o simplismo dos sistemas de explicação e também, a importância dada às pessoas e aos sistemas redutores como apego as convicções ou até mesmo a liberdade. René vai dizer que “... o julgamento do historiador é necessariamente inspirado por uma filosofia que estabelece uma hierarquia entre as ordens e fato, que considera que a consistências, a autonomia ou a capacidade de determinação de algumas coisas são próprias (...) qualquer sistema, por mais esclarecedor que seja, é incompleto, que a realidade é rica e mais complexa que todos os sistemas (Rémond, 1999, p. 56/57).
René diz que o campo político não é definido de uma vez por todas, mas sim mutável e diz também que o político é uma coisa boa a tudo que se diz respeito ao individuo tais como o corpo, a vida o nascimento e a morte, e cita também a sexualidade como uma questão política assim como a justiça, cultura e a ética.
Tanto Rioux como Rémond fazem um ensaio brilhante sobre os dois temas, mas se utilizam de um vocabulário um tanto complexo, que leva o leitor a uma reflexão muito boa para desenvolver o seu entendimento sobre os assuntos.
Bibliografia
CHAVEAU, A. e TÉTARD, PH (org.) – Questões para a história do presente. Bauru, EDUSC, 1999. Cap. 2 – “Pode-se fazer uma história do presente?” (Jean-Pierre Rioux)p. 39-50 e Cap. 3 – “O retorno do político” (René Rémond) p. 51-60
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