terça-feira, 19 de outubro de 2010

Analisando Raízes do Brasil

Sergio Buarque de Holanda baseia sua obra Raízes do Brasil com uma forte hipótese, a de que os portugueses eram mais bem preparados para efetuar a conquista dos trópicos em beneficio da civilização.

Sergio faz referencias teóricas e bibliográficas dos autores Vilfredo Pareto e Max Weber. Porem SBH, nos distancia das fontes weberianas ao aproximar uma proposta entre o aventureiro e o trabalhador. Para Sérgio o aventureiro seria caracterizado por um desejo de novas sensações e de uma consideração pública, enquanto o trabalhador seria animado pelo desejo de segurança e pelo de correspondência.

O aventureiro é o homem do espaço e seus valores, como a audácia, a imprevisão, a irresponsabilidade, a instabilidade e a vagabundagem correspondem a uma concepção espacial do mundo. Tudo aquilo que nutre os valores do trabalhador, como a estabilidade, a paz, a segurança, pessoal, o esforço sem perspectiva de proveito material imediato, permanece como que incompreensível ao aventureiro, pois advém de uma concepção temporal do mundo, ou seja, o aventureiro ibérico não saberia compreender e muito menos compartilhar o comportamento social e econômico do trabalhador do norte.

O português estava preparado pela conquista do Atlântico, mas também ao tempo. Sergio Buarque encontra algumas citações que leva a crer que o povo inglês, antes da época vitoriana, era tão pouco inclinado ao trabalho quanto o português.

Em se tratando de encontrar as causas para uma aptidão que o autor colocou, primeiramente, como um dado evidente, a construção histórica desta causalidade parece, com clareza, permanecer fortemente teológica.

O argumento político, que concerne à teoria do poder e da ação, se apóia , basicamente, sobre o desenvolvimento suposto no espaço ibérico , da teologia agostiniana do mundo. Resulta nesta concepção que nenhuma ação mundana poderia ser perfeitamente santificada, Sergio explica que, na teologia agostiniana , a Cidade de Deus, o Reino de Deus, único fim honorável do crente , nada poderia partilhar com o mundo aqui de baixo.

Os ibéricos, segundo Sergio Buarque, jamais deram crença a este mundo afastado de Deus, e permaneceram como que estranhos à organização do mundo terrestre. Na península ibérica, contrariamente ao que se passava no resto da Europa, o individualismo jamais foi submetido, totalmente, à idéia de uma organização hierárquica dos homens. Cada individuo é filho de si mesmo, não tem necessidade dos demais. Ele conta somente com as suas virtudes, com o seu próprio esforço. Os ibéricos são em geral, os dignos herdeiros do estóico Sêneca, e esta é a razão pela qual eles permaneceram , até hoje, insensíveis ao trabalho como à organização social.

É esta visão do mundo que explica, em síntese, a dominação de modelo aventureiro, fundado sobre o mérito pessoal e pelo cada um por si. Os intermediários eclesiásticos não tomam parte da obtenção da Graça e na construção do Reino. Somente Deus é Deus e todo poderoso. Weber fala neste sentido, da articulação, da articulação significativa, na língua alemã, do Berufung, o apelo que vem de Deus, e do Beruf, a profissão, o trabalho, que é como que a resposta do crente a este apelo.

Questões para a história do presente. “Pode-se fazer uma história do presente?” (Jean-Pierre Rioux) “O retorno do político” (René Rémond)

“Questões para a história do presente” é uma compilação de textos que analisa os vários aspectos sobre a produção da história imediata e da separação entre história e presente. Sob coordenação de A. Chauveau e Ph. Tétard, a obra conta com análises de historiadores renomados , entre eles Jean-Pierre Rioux e René Rémond, que analisam respectivamente a possibilidade de se fazer uma história do presente e o retorno do político na história contemporânea.

Jean-Pierre Rioux começa descrevendo a questão da História Presente na França, onde a mesma se estabeleceu no final da década de 70 com a criação do Institu D’ Histoire Du Temps Present e tinha como missão praticamente conduzir pesquisas sobre o movimento.

Segundo Jean Pierre, cria-se a duvida sobre o estudo da História Presente, pois o presente pode ser visto como uma coisa fulgaz. Também segundo o mesmo, o autor Fernand Braudel em suas obras, utiliza-se de um “parecer” para a construção da verdadeira modulação humana. Outra questão existente também é a da Historia e da proximidade , sendo estas uma forte objeção do autor.

O texto vai dizer que o historiador encontra-se imerso em seu tempo, mas muitas vezes é pego mergulhando no meio destas confusões de acontecimentos sem nenhum tipo de hierarquia, tampouco causas aparentes e então, se vê obrigado a “digerir” a sopa do noticiário da TV, onde simplesmente são jogados os fatos sem nenhuma explicação lógica. A ação da mídia também acaba conduzindo a sociedade a um passado recente. Porem devido a isto, o historiador conta com a ajuda de vários autores da História que, assim como ele, esta em busca da sua identidade, que por sua vez, dão sua “contribuição”, para que sua experiência e idéia perpetuem.

Rioux também nos fala sobre o recuo do tempo, pois o mesmo era de caráter fundamental durante o século XIX, para assim garantir um tom cientifico à História. O historiador era obrigado a trabalhar com apenas com catálogos e arquivos, porem hoje o próprio historiador pode criar este recuo. Hoje temos uma grande influencia das fontes orais, que até então eram os principais recursos dos historiadores “iniciantes”, jornalistas, sociólogos entre outros que se atreviam a escrever uma produção. Porem Agora estes instrumentos se tornam importantíssimos para a produção de uma História recente, história esta que recusa esta efemeridade atual, a fim de dar um sentido mais amplo a estes atores.

Jean deixa bem claro esta sua recusa ao dizer que “pode ajudar as gerações que crescem a combater a atemporalidade contemporânea, a medir o pleno efeito destas fontes originais, sonoras e em imagem, que as mídias fabricam...” (Rioux, 1999 p.46)

Rioux não deixa extamentente claro sobre sua posição do estudo da História Presente, mas nos dá bastantes argumentos para uma reflexão sobre este assunto.

Passando para o ensaio de René Rémond, “O Retorno do Político”, o autor faz uma analise sobre a volta do estudo da História política. Porem o mesmo deixa claro que não é a História Política Positivista do século XIX, história esta sufocada pelos Analles, mas sim uma História mais renovada, contemporânea.

René vai nos alertar sobre o fato de que a História Política não deve ser reduzida ao acontecimento em si, pois o fato mesmo que não seja político é de grande importância para História. Desta maneira o historiador estará sempre atento aos fatos, ambigüidades e suas casualidades, coisa que o” historiador clássico” não conseguiria perceber.

O autor vai atribuir duas razões para a volta da História Política, que são: a compreensão do que é real e muito mais variado do que o simplismo dos sistemas de explicação e também, a importância dada às pessoas e aos sistemas redutores como apego as convicções ou até mesmo a liberdade. René vai dizer que “... o julgamento do historiador é necessariamente inspirado por uma filosofia que estabelece uma hierarquia entre as ordens e fato, que considera que a consistências, a autonomia ou a capacidade de determinação de algumas coisas são próprias (...) qualquer sistema, por mais esclarecedor que seja, é incompleto, que a realidade é rica e mais complexa que todos os sistemas (Rémond, 1999, p. 56/57).

René diz que o campo político não é definido de uma vez por todas, mas sim mutável e diz também que o político é uma coisa boa a tudo que se diz respeito ao individuo tais como o corpo, a vida o nascimento e a morte, e cita também a sexualidade como uma questão política assim como a justiça, cultura e a ética.

Tanto Rioux como Rémond fazem um ensaio brilhante sobre os dois temas, mas se utilizam de um vocabulário um tanto complexo, que leva o leitor a uma reflexão muito boa para desenvolver o seu entendimento sobre os assuntos.

Bibliografia

CHAVEAU, A. e TÉTARD, PH (org.) – Questões para a história do presente. Bauru, EDUSC, 1999. Cap. 2 – “Pode-se fazer uma história do presente?” (Jean-Pierre Rioux)p. 39-50 e Cap. 3 – “O retorno do político” (René Rémond) p. 51-60

Carpinteiro que tentou matar Hitler terá monumento em Berlim

Agência Reuters - Berlim/Alemanha

Um carpinteiro que tentou assassinar Adolf Hitler e pagou com sua vida será homenageado em breve com um monumento comemorativo em Berlim, mais de 70 anos após a tentativa de usar uma bomba contra o ditador nazista.

A cidade de Berlim divulgou planos para construir, no ano que vem, uma silhueta de aço do rosto de Georg Elser de 17 metros de altura no distrito de Mitte, na rua onde ficava o prédio administrativo de Hitler.

"Homenagear Georg Elser próximo ao centro de poder do Terceiro Reich é um ato de dignidade e representa um triunfo tardio", disse o secretário estadual de Cultura, Andre Schmitz.

Elser escondeu uma bomba dentro de um pilar na cervejaria de Munique onde Hitler realizaria um discurso no dia 8 de novembro de 1939.

Mas por causa da névoa, Hitler pegou o trem para voltar a Berlim ao invés de seguir de avião, e portanto saiu mais cedo da cervejaria --13 minutos antes do momento da explosão da bomba instalada por Elser.

Elser foi detido na fronteira com a Suíça na mesma noite, enviado a um campo de concentração, e morto em Dachau no dia 9 de agosto de 1945, semanas antes do fim da Segunda Guerra (1939-45).

O artista berlinense Ulrich Klages foi o criador do monumento, após vencer a competição "Memorial em Berlim para o Assassino de Hitler" realizada na Europa.

O memorial deve ser inaugurado no dia 8 de novembro de 2011, no 72º aniversário da tentativa de assassinato.