quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Movimento Cocalero na Bolívia

Resenha Critica do texto da autora Vivian F. D. Urquidi
Trabalho feito para nota do Módulo de Movimentos Sociais da América Latina - PUC/SP

Este trabalho mostra um pouco sobre a trajetória do movimento cocalero na Bolívia e a ascenção do atual Presidente Evo Morales. Muito bacana este texto!!!!!!!

Vivian Urquidi é doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo, em seu livro “o Movimento Cocalero na Bolívia, refaz uma trajetória política dos camponeses cocaleros da Bolívia, um movimento social que nas ultimas décadas, segundo a própria, é complicado de ser compreendido e abordado do ponto de vista histórico e também dos movimentos sociais que lutam pelo interesse da classe e constitui níveis de consciência e autoconhecimento político.

Vivian começa seu trabalho dizendo que o movimento cocalero deixa de longe ser um movimento isolado, mas que este acompanhou a emergência de outros setores ativos da sociedade, o que implicou em questões étnicas com reivindicações sociais e econômicas e que a folha de coca esta inserida em uma questão cultural dos povos andinos.

Segundo a autora, indiferente de ser na serra colombiana, equatorianas ou nos Andes, o movimento dos camponeses está inserido em um desenvolvimento extremamente limitado das suas forças produtivas (Urquidi, 2007).

O movimento cocalero, foi formado por camponeses quíchuas, que se deslocaram para Cochabamba a fim de encontrar uma alternativa de sobrevivência. O fim das utopias libertarias que por conseqüência resultou na nova política boliviana, fez crescer o desemprego, a recessão econômica e o setor mais organizado do país, o proletariado mineiro.

É importante lembrar que, toda esta crise se deu através das reformas políticas, abertura das fronteiras para importações e o congelamento dos salários das instituições publicas e também do enxugamento do governo. Tudo isso coincidiu com o termino da Guerra Fria e com as estruturações dos blocos de influencias, o que resultou em um modelo neoliberal.

A partir destes percalços, surgem os cocaleros como forma da nova fase de exclusões sociais. Foi nos interstícios desta crise política que emergiram, na América Latina toda, forças latentes da sociedade organizadas em Novos Movimentos Sociais (NMS) (Urquidi, 2007).

A falta de identidade e uma filiação política definida, fez com que estes novos movimentos na America latina tomassem impulsos diversos, dentre eles, os culturais e étnicos, organizados por meios de identidades especificas ou até mesmo locais.

O grau de auto-reflexão e o nível do pragmatismo dos cocaleros fazem pensar que este movimento é também conseqüência das suas histórias de luta, num país marcado pela pobreza e desigualdade, pela vulnerabilidade econômica frente à agressividade dos mercados externos, e pela tradicional tendência à exclusão social dos indígenas por parte das elites. [...] (Urquidi, 2007).

A Bolívia tem sido o país mais pobre da América Latina perdendo apenas para o Haiti, com uma renda per capita de US$ 933, alem de ter sua economia basicamente na extração de mineral, petróleo e agricultura. O país ainda conta com uma base industrial precária e uma indústria manufatureira iniciante, a modernização revolucionaria deu ênfase a exploração de terras como única e verdadeira fonte de riqueza.

O camponês boliviano buscou alternativas para sua sobrevivência, hora mudando de cidade, hora mudando de país, mas o setor de produção artesanal optou pela migração para a região do Chapare, sendo que esta região se destaca pelo cultivo da folha de coca para uso do narcotráfico.

O cultivo da folha de coca na região do Chapare foi incentivado desde o inicio da década de 1980, a região que até então tinha uma população de 25 mil habitantes em 1970, passou a ter 140 mil, com o cultivo da folha a região tem um salto de mais de 20% na população.

O colonizador típico do Chapare é um migrante recente – dos últimos vinte anos – que em geral chegou espontaneamente à região, procedendo principalmente de Cochabamba e tendo como característica básica o fato de ser descendente do horizonte quíchua. Sem nunca ter perdido contato com suas regiões e origem – com as quais mantém relações continua –, na maioria dos casos, o cocalero ou não possui terras noutros sítios, ou elas estão localizadas nas comunidades de origem, em zonas áridas, ou, desde a reforma agrária, elas foram se constituindo em minifúndios não superiores a um hectare. Pelo seu passado rural, o cocalero padrão não aceita perder o estatuto de produtor independente nem vender sua força de trabalho em troca de um salário (Urquidi, 2007).

Apoiando-se na reprodução familiar, o cocalero usufrui da troca de serviços com as pessoas alheias para os períodos de cultivo ou colheita da folha de coca. Mas o que predomina realmente é o fato do cultivo da coca ser predominante no seu sistema produtivo, principalmente na década de 1970, quando o mercado de cocaína atingiu sua máxima.

O produtor é capaz de conseguir uma autonomia superior à de qualquer outro camponês e ainda preserva sua relação direta com a terra e um fluxo de renda que não consegue jamais em qualquer outro meio rural. Devemos lembrar que, nem por isso o produtor de coca supera os índices de pobreza, característicos das zonas rurais.

A posição que os cocaleros ocupam na cadeia produtiva do narcotráfico, reserva a menor parte do lucro gerado pelos negócios. Sendo assim, percebemos que aos produtores da folha de coca somente rende o suficiente para que saia do status de pobreza, mas o camponês boliviano não supera o quadro de pobreza rural. Segundo estudos do programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD), realizados em 1995, devido o cocalero ter uma economia diretamente com a produção da folha de coca.

Não existem dados concretos do governo, mas estimativas dizem que o mercado de folha coca até o final da década de 1990, 10% da produção seria utilizada de forma tradicional, enquanto os outros 90% constituiriam a produção excedente destinada à fabricação da cocaína. Devido este motivo, o plano Coca Zero, conveniado com a Embaixada dos Estados Unidos, o governo boliviano se comprometeu até o inicio de 2000, extinguir totalmente a produção da folha, mesmo sem acordo dos cocaleros.

Mesmo não atingindo suas metas o projeto Coca Zero, acabou rendendo fluxos de capitais ao governo como forma de apoio econômico externo.

De acordo com (Urquidi, 2007), os primeiros passos do Movimento Cocalero surgiram com vista a combater este programa de erradicação da folha de coca. Os cocaleros defendiam o cultivo da folha não só pelo valor econômico, mas principalmente por seu mérito cultural e identitário. Esta grande organização dos cultivadores de coca foi dando origem ao Movimento al Socialismo (MAS), dirigido pelo índio aymara Evo Morales. Morales entrou em 1978 no exercito de Padilla, mas afirma que, sua participação no exército e do modo como compreendeu o funcionamento do governo, basicamente repressora, descobriu as injustiças que se cometiam contra os despossuídos. As reivindicações do movimento não se limitaram apenas à luta pela folha de coca, mas também pela revalorização da população indígena que por muito tempo foi excluída socialmente.

Em 1997 o movimento cocalero liderado pelo líder Evo Morales, conquistara algumas cadeiras no parlamento boliviano, o que despertou uma mobilização por parte de Hugo Bánzer, líder do governo anticocalero. Bánzer vai propor em sua gestão a erradicação total da folha de coca destinada ao narcotráfico.

Mas, entretanto os 15 anos de mobilização cocalera prevalecem e contraposição dos desmontes das organizações populares existente em meados de 1980, acaba dando um temperamento nas mobilizações sociais que estão surgindo ao final do milênio. Morales passa a ser o centro das atenções das massas bolivianas, pois se mostra um líder totalmente antiliberal.

O governo do presidente Sanches Losada, acabou levando a população a viver em condições desumanas. As políticas de privatizações se instalaram na Bolívia, por conta disso alguns movimentos liderados por associações de bairro sindicatos dos camponeses entre outros, saíram às ruas da cidade para protestar contra as políticas que pretendiam privatizar os recursos hídricos do país.

A chamada “Guerra Del Agua” como ficou conhecida, acarretou em uma onda de mobilizações populares integrado por diversos movimentos civis, acabou atingindo seu objetivo graças à pressão da massa camponesa liderada pelo movimento cocalero.

Em 2002 nas eleições para presidente, o partido de Morales, o Movimento Al Socialismo (MAS), atingiu o segundo lugar com 20,94% dos votos contra 22,45% do MNR. Pela primeira vez uma massa importante da população votaria para presidente por um indígena, sem titulo acadêmico, mas avaliado por sua luta a favor da soberania nacional.

Com tudo isso, a projeção política do partido esta ameaçada pelas contradições internas que o movimento deverá resolver. A principal é a aproximação dos plantadores da folha com o trafico de cocaína, que cada vez mais acaba aliciando novos membros.

Bibliografia

Urquidi, Vivian F. D. O Movimento Cocaleiro na Bolivia. São Paulo. 2007: Hucitec.

O PCB, a ANL e as Insurreições de Novembro de 1935

Resenha Critica do texto da autora Marly de Almeida G. Viana
Trabalho feito para nota do Módulo de Movimentos Sociais do Brasil


No presente artigo a autora Marly de Almeida G. Viana, professora adjunta do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da UFSCar e Professora do Curso de História do Centro Universitário Central Paulista- ASSER- São Carlos, aborda as questões sociais, politicas e econômicas na conjuntura das insurreições de Novembro de 1935 focando a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e do Partido Comunista do Brasil (PCB).

Sem duvida alguma o ano de 1935 foi muito importante na história da ANL. O ambiente criado após a revolução de 30 fez com que os ânimos políticos se aflorassem mais ainda. Com a organização de alguns setores da sociedade, claro que os mais influentes, a organização de debates e ações intensificadoras tinha como objetivo elevar o pais ao progresso e a democracia.

Segundo a Marly de Almeida, a mobilização era intensa. Jovens militares, intelectuais , profissionais liberais, estudantes entre outros grupos, colaboraram para este evento , e outro dado importante que a autora aborda é a questão de que, os grupos que lideravam estas discussões eram na sua grande maioria ligado a setores que tiveram acesso ao ensino superior, ou seja, era formada por uma elite, como profissionais liberais, estudantes e de forma destacada os tenentes, este ainda constituíam um grupo armado.

Já a classe operária, se movimentava por meio de sindicatos, porem estes não possuiam uma força muito expressiva, o que contribuía para uma não aceitação das demais classes. É importante notar também que não havia ainda uma representação politica organizada em partidos, pois na época os únicos partidos políticos eram: PCB – Partido Comunista do Brasil e AIB – Ação Integralista Brasileira, que tinham ai uma ideologia e uma organização de nível nacional, e em uma sociedade como da época com a tradição de exclusão e autoritarismo, a grande massa popular ficava fora destes debates e movimentos da sociedade brasileira.

O movimento tenentista toma força nesta mobilização e debates do período, uma vez que tinham o apoio da sociedade brasileira, após a Revolução de 1930 e mesmo com a divisão do movimento com a candidatura de Getúlio Vargas, pois de um lado ficou Luís Carlos Prestes que aderiu ao Socialismo com um ideal diferenciado de sociedade e igualdade, de outro ficou a grande maioria dos tenentes que apoiaram Getúlio estes queriam a regeneração da republica, mesmo com esta divisão o tenentismo tinha apoio total da sociedade brasileira.

Porem as mudanças com a revolução e chegada ao poder de Getúlio Vargas não solucionaram os problemas econômicos e da sociedade, o que trouxe insatisfação para aqueles que tinham participado da revolução de 1930, os primeiros anos do governo provisório de Getúlio trazem a tona toda esta insatisfação.

Vale ressaltar que a conjuntura internacional do momento, pois com a chegada ao poder de regimes autoritários como na Itália e Alemanha, eram apontados como soluções para crise do estado democrático capitalista, e sem duvida influenciaram a efervescência politica do pais com a fundação da Ação Integralista Brasileira fundada em 1932 e que tinha enorme simpatia pelo fascismo, e as ideias nazifascistas tiveram adeptos imediatos no Brasil , e principalmente entre os tenentes insatisfeitos com os rumos da politica nacional .

Segundo Boris Fausto, em poucos meses a ANL ganhou bastante projeção. Calculos conservadores indicam que em julho de 1935, ela contava com 70 mil a 100 mil pessoas. Na condução do movimento, seus dirigentes oscilaram entre a tentativa de consolidação de uma aliança de classes e a perspectiva de insurreição para a conquista do poder. (Fausto, 2008)

O PCB fundado em março de 1922, por um pequeno grupo de militantes do anarco sindicalismo, de inicio totalmente subordinado ás diretivas da IC – Internacional Comunista, mas após 1929 os comunistas brasileiros mantiveram atuação independente da IC, na Revolução de 1930 os Comunistas não participaram efetivamente, pois declararam que aquela era uma Revolução de Imperialistas e que nada tinham a ver com ela, pois mesmo na ocasião Luís Carlos Prestes que já havia aderido ao comunismo ter tentado se aproximar do PCB, a direção do partido não queria alianças com Prestes, e após uma necessária reorganização do PCB em meados de 1933/34 e uma reunião do secretariado da IC, Luis Carlos prestes Conseguiu ser admitido como membro do Partido pois havia se tornado neste momento um verdadeiro mito nacional a partir da atuação na coluna Prestes, e esta reunião de moscou e entrada de Prestes no PCB foram decisivos nos levantes de Novembro de 1935.

Neste período, dirigentes do partido realmente acreditavam que o pais estava prestes a uma revolução, pois era este discurso que transmitiam para Moscou na IC, isto fez com que de certa forma o PCB via um movimento que na verdade não existia, contavam com o apoio em massa da classe operária, no Nordeste com os homens de lampião com um governo enfraquecido, acreditavam ai em um Brasil comunista, mais na verdade não foi o que se viu, pois os levantes de 1935 estavam muito mais enraizados no movimentos tenentistas do que no comunismo realmente, o Partido teve fundamental e importante participação nos levantes, porem idealizou o movimento comunista no Brasil com fortes influências do comunismo na Europa principalmente na Rússia, o que foi um erro do partido o movimento comunista brasileiro tinha toda uma especificidade, tanto nas participações como na sua própria formação, além do que a sociedade brasileira estava muito aquém dos ideais comunistas e a politica nacional era totalmente enraizada no elitismo, coronelismo e paternalismo, com uma formação histórica de escravismo, estes ideais comunistas europeus não se realizaria da mesma forma no Brasil.

Cabe aqui também a observação de que ao olhar este movimento comunista do período, temos um olhar do presente no passado, e hoje explicar estas dificuldades do comunismo no Brasil na época é totalmente um olhar diferenciado, pois não estamos na efervescência do processo histórico do momento como os comunistas estavam.

A ANL foi articulada com uma frente única antifascista- anti integralista, enquanto representantes do PCB estavam em Moscou, com a efervescência das lutas democráticas e o descontentamento com os rumos da revolução de 1930, os tenentes passaram a articular uma grande frente que ia se transformar na ANL, foi lançada em 30 de março de 1935, com Luís Carlos Prestes presidente de honra do partido e tendo como porta voz o estudante comunista Carlos Lacerda como porta voz do partido, tinha como principal ideal defender a liberdade e a emancipação nacional e social do pais, com este ideal uniu partidos, diversos sindicatos, organizações femininas, culturais, estudantis, profissionais liberais e militares, tendo assim um amplo apoio social.

A Aliança Nacional Libertadora tinha em seu discurso algumas diferenças com o ideal do PCB, a principal ficava por conta do poder, enquanto os comunistas tinham um discurso de tomada do poder por um governo popular a ANL no seu inicio não tinha este ideal, trazia em seu discurso o poder de forma democrática, e tinha um caráter aliancista viam na luta anti-imperialista e democrática as mudanças necessárias ao pais, foi reconhecidamente a maior organização de massas que o pais já teve, o sucesso da organização assustou o governo que tentou identificar a ANL com o PCB, assim podia combate-los com maior eficácia, e depois que o Partido Comunista Brasileiro entrou para a organização os rumos da Aliança Nacional Libertadora mudou, mesmo com algumas diferenças em seus discursos de ideologias os comunistas e tenentes viam na luta armada o único caminho para mudanças no pais , acreditavam que a Revolução estava muito próxima, contavam com o apoio da IC para esta revolução, na época foi destacada a revolucionária Olga Benário para acompanhar Prestes, passavam a informação para Moscou que realmente a Revolução estava muito próxima.

A situação do pais tornava-se cada dia mais conturbada e a contestação ao governo de Getúlio era cada dia mais evidente com as greves, o descontentamento dos militares, organizações sindicais e tudo com grande influencia do PCB, neste contexto a imprensa teve um papel importante pois o jornal o Globo dava destaque de um plano subversivo com ordens vindas de Moscou para a implantação de um regime soviético no Brasil e este trazia injurias sobre os comunistas e a forma como agiriam com assassinatos, fuzilamentos para a tomada do poder, claro que este fato foi uma estratégia do governo para conter os comunistas e a simpatia da sociedade pela causa, a partir disto começaram as prisões de comunistas, aliancistas, lideres sindicais, e ANL foi fechada , começando a agir na clandestinidade, e partir daí Prestes e o PCB passaram a dominar a organização.

No dia 27 de novembro de 1935 estoura no Rio de Janeiro a rebelião que ficou conhecida como “Intentona Comunista”, no mesmo mês ocorre o Levante no Rio Grande do Norte, onde teve o fato importante da desorganização do próprio movimento e a maior parte da população na verdade nem sabia o porquê do levante, muitos aderiram por medo, outros por oportunismo, a maioria não tinha ideia dos ideais do movimento, isto fez com que o movimento se tornasse um movimento totalmente desorganizado e após alguns dias o movimento se enfraqueceu, já em recife também no mesmo mês com agitações operárias e militares foi comandado pelo jovem Tenente Lamartine Coutinho e depois de tomarem o quartel os revoltosos começaram a distribuir armas aos curiosos, assim como o movimento de Natal o de recife não tinha a organização necessária para um levante, pois aqui também o povo não entendia muito bem o que estava ocorrendo, apesar de serem mais politizados, o movimento em recife tem fim com os seus revoltosos presos no dia 27, na mesma data dos Levantes no Rio de Janeiro .

Basta seguir estes acontecimentos para entender que os levantes estavam longe de ser uma conspiração ordenada por Moscou como a imprensa e o próprio governo propagava, pois em Natal o movimento foi desorganizado e de questões politicas, no de recife foi também questão politica regional e demostrando o total despreparo do próprio movimento, e enquanto isso no Rio de Janeiro as noticias começaram a chegar sobre estes levantes mais eram vagas, e apesar disto Prestes decidiu pelo Levante na madrugada de 27 de Novembro no Rio de Janeiro com uma maior organização com data e hora marcada o movimento não se deu da forma como Prestes havia organizado e pensado, pois contava com um apoio de antigos companheiros o qual não teve, a resistência nos quarteis foi grande , e isto também não estava nos planos de Prestes, a marinha também não aderiu ao levante , e a população não tinha ideia do que estava acontecendo, o levante do Rio também foi derrotado.

Os revolucionários estavam certos de que poderiam ainda continuar a luta e que a vitória seria possível, o PCB achava que a derrota nas Insurreições se deu devido a prematuridade das ações porem neste momento começa a violenta repressão ao movimento , com prisões , torturas, em dezembro de 1935, com a prisão de membros de direção do partido, Prestes inicia a sua fuga juntamente com Olga Benário, e após uma busca incessante Prestes e Olga forma presos em março, levados para o DOPS e lá separados foi a ultima vez que se viram, meses depois Olga foi entregue aos nazistas gravida de Prestes foi assassinada em um campo de concentração .

O PCB e a ANL foram sem sombra de duvidas importantes no cenário da politica brasileira da década de 30, as insurreições mesmo desorganizadas e fracassadas fazem parte de um processo histórico importantíssimo para entendermos o comunismo no Brasil e principalmente a questão do tenentismo, pois o próprio Prestes fez a seguinte afirmação: “Houve muito de subjetivismo... pensávamos que éramos donos da situação, e em 1935 eu era um tenente muito longe ainda de ser um comunista, um marxista, esta que é a realidade”.

Nesta afirmação de Prestes, fica muito claro que o movimento comunista do Brasil foi um movimento acima de tudo de tenentes que tinham o apoio popular, não se viu uma união nacional em torno do socialismo, e este na Europa se dava de um processo histórico totalmente diferente do processo brasileiro, nossa sociedade não estava madura para o socialismo e o comunismo, tínhamos naquele período um histórico de oligarquias e elites que impediam a sociedade de uma mentalidade e uma cultura socialista, e outro aspecto importante a acrescentar é o fato de que o apoio da sociedade não significava abraçar a causa socialista, e a grande massa no Brasil estava aquém de ser politizada, e entender o que realmente estava acontecendo, as insurreições de 1935 foram muito mais tenentista do que socialista, tinha um caráter justo para a época, mas as estratégias e a forma de lutar não foi o caminho certo a seguir, foi também muito mais idealizadas do que concretizadas, porem sempre devemos ter um olhar cauteloso para o passado, pois para quem estava no calor do momento e das ideologias a visão politica era sem duvida de uma vitória, o processo histórico mundial do momento também sem duvida alimentava esta utopia do comunismo brasileiro.

Com isso podemos concluir que Marly Vianna, traz a tona abordagens precisas das insurreições e toda a especificidades destes movimentos no Brasil, é sem duvida um artigo que elucida alguns pontos do comunismo no pais. Também podemos constatar que mesmo tendo sido um movimento muito mais de cunho tenentista do que socialista, foi um movimento que lutava por transformações importantes na sociedade brasileira, foi de máxima importância para a história do Brasil, e até mesmo para os processos que se desenrolaram nos anos seguintes com a total perseguição aos comunistas.

Bibliografia

Fausto, B. (2008). História do Brasil. Sao Paulo: Edusp.

Toledo, C. N. (2004). O Governo Goulart e o Golpe de 64. São Paulo: Editora Brasiliense.

Vianna, M. d. (2007). O PCB, a ANL e as insurreições de Novembro de 1935. In: J. Ferreira, & L. d. Delgado, Brasil Republicano - O tempo do nacional estatismo: do inicio da década de 30 ao apogeu do Estado Novo (p. 65 a 103). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.